quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NÃO SEREMOS SEMPRE

Nossa alma não nos pertence eternamente, somos parte de uma totalidade e a individualidade é passageira. Nosso corpo, constituído de matéria, recebe, ao nascermos, uma essência que chamamos de alma ou espírito. Sem ela somos apenas matéria sem vida, um corpo sem essência que rapidamente se desintegra e se distribui na natureza. Da mesma forma, nossa personalidade não é eterna, a essência que recebemos no nascimento - dádiva da natureza - retorna à totalidade do universo quando morremos. Assim como o corpo que retorna à natureza, a alma também é devolvida no ato da morte. O egoísmo do ser humano - e talvez o medo - o impede de aceitar o fim da própria consciência, o que não significa o fim da vida, pois aquela essência (alma) e aquela matéria (corpo) que nos pertenceram passam a compor novas formas de vida. Aquele que se enxerga enquanto indivíduo até após a morte está cego para o fato de que somos valiosas, porém, minúsculas partes do todo. Essa totalidade, que é viva e eterna, exige o retorno da vida individual que ela mesma possibilitou. A memória, a consciência, a alma, o corpo, enfim, tudo o que nós somos retorna a totalidade num processo de reciclagem e recriação. Portanto, para nos tornarmos eternos enquanto indivíduos teremos que deixar uma obra, algo concreto, assim como os poetas, algo que alimente a vida daqueles que, depois de nós, também receberão essa dádiva que hoje experimentamos. Busquemos aqui e agora uma razão e uma função para viver, pois nós... nós não seremos sempre nós!

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