domingo, 9 de dezembro de 2012

O deleite da contradição

Era um passado que ainda machucava, incomodava, mas ainda assim fazia falta no seu coração. E não apenas ali, esse passado também faltava no seu sexo, na sua boca, onde o grito era contido e o gosto brotava como saliva toda vez que lembrava. Pensou que seria uma merda resistir, que ser forte e coerente era algo deveras desinteressante. Pensaria mais e talvez concluísse que o melhor era esquecer, mas não fazia sentido, queria agir sem pensar. E então ela decidiu provar, sentir de novo  o deleite da contradição, por isso resolveu atender o chamado meio doce meio amargo de um passado recente que ao mesmo tempo machucava e molhava o seu corpo. Porém, o seu desejo insano se confundia com um intenso rancor que palpitava no seu peito sempre que se sentia contrariada. Ela não hesitou em gritar suas mágoas que, por mais que fossem superadas, ainda reverberavam na sua memória. Ele escutou paciente, deixou fluir, mas não aceitou quando ela novamente duvidou do seu amor maior. Ela sentia tristeza, percebia mais uma vez escorrer por entre os dedos, por isso agia com desespero e ingratidão. Já não havia mais nada a fazer, mais nada a dizer, só podiam lembrar... ou esquecer.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Minha consciência negra


Eu poderia ser mais um jovem branco de classe média que pouca afinidade tem com questões como a cultura negra e o racismo, mas alguns acontecimentos em minha vida me aproximaram tanto que isso virou a minha grande paixão e trabalho. Na verdade, um fato em especial me encaminhou a pensar criticamente o tema, tendo como resultado a realização de duas pesquisas acadêmicas sobre a história do racismo e a resistência negra. Além disso, criei laços com a cultura, o que me deu condições de absorver novos valores.

Desde a infância cresci num ambiente social duplo, alternando a escola particular com a rua da minha casa, no bairro Monte Alegre de Ribeirão Preto. Na escola tinha colegas de classe média-alta e na rua convivi com pessoas de classe social mais baixa, inclusive amigas e amigos negros, com quem mantenho amizade. Aos 14 anos, num passeio pelo shopping na companhia de três desses amigos encontrei um colega da escola, foi o suficiente para que nas semanas seguintes eu sofresse algumas humilhações. Este colega espalhou para o resto da turma que eu andava com “pretos”.

Naquela ocasião me senti negro e pude, por alguns momentos, sentir a dor da discriminação. O que poderia eu alegar perante aquele tribunal juvenil do apartheid? Sim, eu andava com negros, mas não apenas, esses meus amigos foram uma verdadeira família pra mim durante toda a infância e adolescência. Apesar da condenação não abri mão das amizades, pelo contrário, me afastei cada vez mais dos espaços elitizados que me foram oferecidos ao longo da vida. Uma escolha que revela o meu processo de tomada da consciência negra, que desde então me acompanha.

Dessa maneira percebemos o racismo à moda brasileira, um país que se diz democrático racialmente, pois nunca vivenciou uma guerra étnica declarada como ocorreu nos Estados Unidos e na África do Sul. Aqui convivemos com um racismo velado e pautado por estereótipos, e com a crença de que o negro existe para servir, uma herança dos quatro séculos de escravidão. Infelizmente, como pude perceber, a intolerância se revela em todos os lugares, até mesmo na escola prejudicando o desenvolvimento das pessoas.

Hoje a questão é mais discutida por conta das políticas públicas conquistadas pelo movimento negro, como a lei 10.639, que institui o ensino da cultura negra e história africana nas escolas, as cotas raciais e sociais nas universidades e o feriado do dia 20 de novembro em memória de Zumbi dos Palmares. No entanto, pode-se perceber uma forte reação de setores sociais conservadores tentando minimizar e até suprimir estas conquistas. O racismo à moda brasileira, quase sempre escondido, se manifesta mais conforme cresce a consciência negra.

É preciso enfrentar o pensamento reacionário, uma missão que exige o olhar para novos valores e paradigmas. Nesse processo é importante notar a riqueza que é a cultura de matriz africana, cada vez mais desenvolvida, ganhando espaços e conquistando pessoas. O poder de encantamento presente na musicalidade, no ritmo, na beleza e até mesmo na religiosidade afrodescendente é a linha de frente do exército que visa romper as barreiras da ignorância ainda presente.

Em Ribeirão Preto existem espaços que conservam esta beleza e trabalham um discurso político em favor da igualdade racial, nestes lugares é possível compreender os valores que permeiam a causa e como eles criam um sentido às diferenças. Enquanto o racismo age para reprimir a cultura e a estética afrodescendente, o movimento negro reage cativando negros e brancos com um novo olhar para o mundo a partir de suas raízes culturais. O que se oferece é um saudável processo de auto-estima e valorização da identidade.

Por esses motivos é importante que o dia 20 de novembro seja saudado por todos, principalmente por aqueles que desejam uma sociedade mais integrada. Exaltar a consciência negra é reconhecer uma história de injustiças, é olhar para as feridas abertas que prejudicam o desenvolvimento da sociedade brasileira. Além disso, é também brindar à riqueza cultural que possuímos e reconhecer que a diversidade é nosso grande trunfo, algo que podemos oferecer ao mundo como elemento de transformação dos velhos paradigmas etnocêntricos ainda dominantes.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Revelações de um mestre

E então o mestre perguntou ao seu discípulo:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
O sujeito, que exausto já mantinha sua cabeça entre as pernas, assim permaneceu e igualmente questionou:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
Fez-se o silêncio. Os olhos intactos daquele ancião miravam os sinais que brotavam na fisionomia de seu aprendiz. Sua calma existia e se manifestava em seu respirar. Foi quando o jovem ergueu bruscamente a cabeça e repetiu em voz furiosa:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
A respiração do mestre mantinha-se equilibrada. Seu olhar mantinha-se intacto. Porém, sua boca ameaçava revelar os pensamentos que naquele velho mestre existia. Atônito, seu jovem discípulo observava a iminência de conhecer a grande revelação. Foi então que, numa voz pura e tranquila, soou:
- Sua covardia ainda é maior que o seu desejo de liberdade. Você não governa sequer seu próprio corpo e tenta de mil maneiras acreditar que és livre. Tu és um fraco que ainda permanecerá ausente. Vítima? Esta é tua postura! Pensas que ninguém sofre e teme como tu, acreditas que deve cuidar do pouco que tem por fidelidade a alguém. A utopia chora por ti, covarde!
O rosto daquele jovem se retorcia perante o soar daquelas palavras que, por mais óbvias e que fossem, lhe causavam uma profunda dor.
Chorou.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Lixo ordinário

Uma brincadeira, para ser brincadeira, precisa funcionar como um processo que contém “começo, meio e fim”. Essa estrutura se revela, no caso de uma criança, primeiro no ato de tirar os brinquedos do armário. A pequena, ou pequeno, escolhe o objeto e o retira da caixa onde estão guardados. Depois de espalhado tudo pelo chão, a criança começa a se divertir, sempre com criatividade naquilo que escolheu fantasiar. A brincadeira, no entanto, não termina se os brinquedos não forem guardados de volta. O ato de devolvê-los ao seu lugar representa aquilo que destacamos inicialmente como processo, o pensar no fim.

Ao contrário, vamos supor que a criança, após terminada a brincadeira em si, vire as costas para os brinquedos, ligue a televisão e deixe tudo espalhado pelo chão aguardando que alguém arrume para ela. Nesse caso, a responsabilidade pelo “resíduo” do ato de brincar é deixada de lado e outro terá que “limpar”. A criança, portanto, deixa de sentir que aquilo lhe pertence, pois a brincadeira se resume à diversão e o final do processo é terceirizado. Não raro, um adulto acaba se responsabilizando pela coleta e armazenamento daquilo que a criança descartou, reforçando assim o seu descompromisso.


Na sociedade do consumo é a mesma coisa, onde nós, crianças irresponsáveis, vivemos a cultura do descartável. Porém, nossas brincadeiras vão muito além da fantasia e penetram na vida concreta causando prejuízos imensos à natureza e, consequentemente, à própria vida humana. Quando tiramos um produto qualquer da prateleira do supermercado estamos entrando num processo que começa com a compra, continua no consumo e, supostamente, termina no descarte. Aí entra a irresponsabilidade inerente à nossa sociedade, basta notar a sujeira das ruas para perceber isso.


Descartar as embalagens e demais resíduos colocando-os (ou jogando-os) na rua para serem coletados seria o passo final? A certeza de que o resíduo indesejável irá para longe de mim representa o fim do processo do ato de consumir? Ou isso não passa de uma forma de se isentar da responsabilidade com aquilo que produzimos/consumimos? Essas perguntas nos levam a refletir sobre a sociedade que vivemos, pois nela, é comum varrer a sujeira para debaixo do tapete. O lixo ordinário é o como o brinquedo ignorado, mas além de estar espalhado pelo chão, é ainda enterrado numa vã esperança de que estaria assim sumindo de nossas vidas sem nos causar qualquer consequência futura.


Em resposta à essa irresponsabilidade generalizada, já existem diversas ideias como as caixas de compostagem para lixo orgânico que poderíamos ter em casa, além de uma maior eficiência no processo de reciclagem de materiais descartáveis. Acontece que em cidades com governos igualmente irresponsáveis, como em Ribeirão Preto, essas ideias não são transformadas em políticas públicas, ao contrário, são negligenciadas e postergadas para o futuro longínquo. É necessário que o cidadão assuma a responsabilidade nesse processo, que começa no ato de consumir, passa pela forma de descartar e continua na exigência de políticas mais desenvolvidas para a gestão dos resíduos sólidos e da limpeza urbana. O final vai depender de nós.


terça-feira, 10 de julho de 2012

A alma do negócio é você

Na corrida eleitoral a propaganda é o motor. Durante esse processo, os candidatos disputam a tapas os melhores editores, publicitários, maquiadores e cabeleireiros. É importante agradar pela imagem, pelo dinamismo dos vídeos, pela performance, pela beleza dos apresentadores e pela capacidade de transformar o feio em belo.

Vivemos em um tempo onde o audiovisual cumpre um papel preponderante não só na publicidade de produtos mercadológicos, mas também na promoção de ideias e conceitos. Os políticos não fazem por menos. Não tem grana para contratar a equipe da Globo? Que tal amarrar uma gaiola na sua bicicleta? Ou talvez ficar acenando para os automóveis na avenida? Pinte o seu carro, sei lá, é tudo propaganda!

Na propaganda eleitoral o programa é o próprio intervalo comercial. Não se oferece algo produtivo, não se educa e nem se politiza. O que se faz é a tentativa de convencimento cego, pautado pela capacidade de mentir sinceramente. Perceba que, até mesmo no debate ao vivo que sempre rola na televisão, o que se sai melhor é aquele que age com mais destreza, jogando olhares charmosos e falas bem articuladas para as câmeras.

Nesse negócio, que por sinal é patrocinado por grandes empresas nacionais e multinacionais, o interesse é ganhar o seu voto. Enquanto no capitalismo a publicidade pretende criar necessidades a partir da falsa promessa de felicidade, na publicidade eleitoral se pretende convencer que a sua vida será melhor mediante um voto. Será?

Não podemos descartar a importância das eleições, nossa reflexão vem no sentido de subestimar a importância da propaganda eleitoral. Decidir o seu voto baseando-se em peças publicitárias, e não por uma investigação mais aprofundada dos programas políticos e histórico dos candidatos, é vendê-lo barato de mais. Proteja-se de quem você vai escolher, compare e não se deixe levar pela hipnose visual. Nessa política financiada, a alma do negócio é você.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Permitir la tristeza


La felicidad es un estado de espíritu, una importante condición humana que podemos atingir a partir de pequeños detalles, pero nosotros no somos hechos de puras alegrías. Nuestros cuerpos también contienen angustias y tristezas, incluso los más aparentemente felices. Miremos para esto de una manera positiva, o por lo menos intentemos sacar de esto algo para nuestro desarrollo. Sí, yo creo que hay en las tristezas que nos habitan un aspecto positivo. Los grandes artistas, filósofos y poetas, en su gran mayoría, eran – o son – personas tristes y melancólicas. Bueno, tal vez no exactamente tristes, pero atentos a sus propias angustias, no escapaban de su realidad. ¡Hay  que permitir la existencia de la tristeza! Vivimos en un mundo donde se encuentran centenas de anestesias baratas para sufocar nuestras aflicciones, cambiamos la tristeza creativa por alegrías efémeras. La sociedad del consumo y apariencia no permite frustraciones, estamos constantemente sedados por las felicidades descartables. Son cosas pequeñas hechas para disfrazar la verdadera condición humana. ¡Hay que permitir la existencia de la tristeza! Por supuesto, lo mejor de la vida es poder compartir la felicidad con quien amamos, pero creo que ni esto habría si no tuviéramos momentos tristes también. Sin las angustias no sabríamos ser felices y no tendríamos fuerzas creativas para superarlas. Permitir la tristeza no es adorarla, pero sí aceptarla como algo natural y que nos hace más fuertes y listos para la vida.

domingo, 27 de maio de 2012

O TEMPO NUNCA É TANTO


O tanto nunca é tempo
Para aliviar tormento
De quem ama sem pedir
Alento

O tempo nunca é tanto
Para enxugar o pranto
De quem ama sem saber
O quanto

Tanto tempo
E ainda te busco no pensamento
Tanto tempo
E ainda ouço o teu lamento

O tempo nunca é tanto
Para destruir encanto
De quem amou sem medir
O quanto

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Porto de Galinhas - PE


Sociedade subornada

Aqueles que abdicam de seus próprios interesses e se distraem de suas verdadeiras paixões para apegarem-se em felicidades baratas e amores descartáveis. Aqueles que descartam as realizações individuais para compartilharem alegrias efêmeras. Aqueles que preferem a casca em detrimento da carne, como diz Henry Thoreau. Não tenha dúvidas, são eles quem compõe a sociedade subornada, um lugar cada vez mais inóspito aos que pretendem agir com princípios e coerência. Nesta sociedade não se busca alcançar aquilo que se crê, ou aquilo que se deseja, o que podemos observar são pessoas dispostas a realizar atos mecânicos com finalidades previsíveis, atos que, no final das contas, refletem uma escolha segura e cômoda. Os atos mecânicos, as condutas conservadoras, o desejo de estar seguro com aquilo que se possui nada mais é do que um produto do medo. Não que eu acredite que não devemos prezar por aquilo que conquistamos, mas nesta sociedade subornada ocorreu uma inversão perniciosa ao ser humano, onde os meios passaram a ser um fim. Vivemos sob a ditadura da posse e dos prazeres repetitivos, ditadura esta que é um fruto do ciclo vicioso imposto pelo sistema capitalista onde trabalho e consumo significam nada menos que a vida. Estamos submersos num mar de mediocridade onde até mesmo as crianças, verdadeiros diamantes em estado natural, são constantemente desacreditadas da liberdade e contaminadas pelo medo de seus pais, tutores e educadores. Mesmo assim as crianças ainda são a esperança, pois elas tem em si a essência da liberdade que é a coragem! Feliz é aquele que tem a sua volta pessoas corajosas e livres de preconceitos, estas pessoas jamais se deixam subornar pela vida mesquinha e materialista. Nossos atos estão quase sempre de acordo com aquilo que temos como referência, por isso na sociedade subornada a desonra é um mal contagioso. Mas como fugir daquilo que compra as nossas almas e nos faz agir como bonecos num mundo de aparências e de superficialidades? De que maneira seremos livres se mal podemos sair para uma caminhada sem destino e hora pra voltar? Eis a grande questão, pois acredito que vencer estes desafios é uma tarefa constante e que, na verdade, não tem receita. Cada um de nós precisa encontrar em si mesmo uma forma de impor-se ante aos subornos diários do mundo capital. No entanto, se nosso espírito, mente e coração estiverem sincronizados e voltados para o mesmo ideal, desejosos da sabedoria que é fruto da experiência individual espelhada no conhecimento que o mundo nos oferece, provavelmente assim estaremos menos suscetíveis aos botes do inimigo. Sejamos menos dependentes e mais autônomos, cobremos de nós mesmos mais do que dos outros e sempre recordemos das palavras de liberdade que grandiosos seres humanos nos legaram. E o que jamais podemos desprezar é o valor do sentimento, pois ele é aquilo que transcende a conveniência racional de se deixar ser subornado.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A preguiça clandestina


Nem todos são capazes de entender a importância da preguiça, eu mesmo demorei a compreendê-la dadas as frequentes repressões de ditadores da atividade.

Lembro-me de quando não tinha que levantar cedo e por isso ficava na cama por horas e horas. Quase sempre permitia aos meus sonhos uma continuidade de longa metragem, conduzindo com paciência as situações mais bizarras, mas que sempre me entretiveram. Lembro-me também da tranquilidade com que encarava a vida, sem a responsabilidade própria dos adultos e de todos os que são preocupados com o relógio e suas obrigações. 

Como era bom não ser exigido como hoje somos, pelos outros e por nós mesmos. Agora, já não temos mais a alegria de não fazer nada, pois firmamos o contrato social e precisamos ter comprometimento com a lei da produtividade. Sim, estamos comprometidos! 

Tenho que despertar cedo, tenho que suprimir a minha preguiça para que eu seja aquilo que diariamente tento ser.

Admiro a vida dos índios, dos povos nativos do Brasil, que de tão providos de bens naturais não precisam trabalhar, ou melhor, trabalham observando e admirando calmamente o desenvolvimento natural da vida ao seu redor. Sua integração com o meio ambiente é total, onde o trabalho não é uma imposição social, uma coerção que lhes rouba tempo e energia para o lucro alheio. Eles desenvolvem-se ao ritmo da própria natureza.

Aqui está sua importância: ser preguiçoso não é ser irresponsável com as coisas e com as pessoas, é saber degustar o tempo com calma e paciência. Numa época onde as nossas ações são simultâneas e aceleradas, como falar ao celular enquanto amarra o sapato, ser preguiçoso é escutar uma boa música e só fazer isso.

Realizar cada coisa em seu próprio tempo com dedicação, sem pressa ou avidez, é respeitá-la.

Um brinde à preguiça, àquela que não temos mais, porque agora só nos resta a preguiça clandestina, uma preguiça proibida que devemos manter em sigilo. Devemos escondê-la principalmente dos entusiastas do desenvolvimento, do sucesso profissional, enfim, daqueles que glorificam os protocolos mais cansativos do sistema.

Tenho esperança por uma revolução que instituirá a preguiça como um direito garantido na constituição. Então, quando nos desenvolvermos até esse ponto, a hipocrisia cederá o seu lugar à verdade. Um novo homem irá surgir, um homem mais disposto a viver a vida, pois ela lhe pertencerá de fato!

Quando o nosso tempo não for mais roubado e massacrado, quando a tranquilidade voltar a habitar nossos corpos e mentes, quando o dinheiro não for mais algo indispensável, quando o trabalho se tornar propriedade do trabalhador... Aí sim viveremos em um mundo onde a preguiça não será mais clandestina, mas sim aberta, compartilhada e saudada.

Guarujá - SP