sábado, 14 de novembro de 2009

Esta mensagem será encontrada por arqueólogos

Viver

a vida, a própria vida. Saber que tudo se torna passado na medida em que se ignora. Manter a imaginação fecunda para que possa nascer na mente a personalidade. Dizer a si mesmo sobre histórias, viver a história. Entender é tudo, mas nem tudo é passível de entendimento. Ter a que se dedicar e destinar a força que recebes do além. Perceber a indiferença e não compactuar com ela. Convencer a si próprio que se tem valor quando se dá valor. Morrer

apenas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Brasil Olímpico

Vai ter festa no Brasil, ou melhor, no Rio
Todas as nações estão convidadas.
Venham festejar, fiquem a vontade,
nós pagamos e depois... limpamos!

Tragam seus atletas, levem as medalhas.
O esporte aqui é apenas pretexto
pra mostrar ao mundo inteiro
o quanto é belo este Rio de Janeiro!

Vamos comemorar, o Brasil agora é rico!
tem dinheiro pra caramba, e tem o pré-sal
apesar de alguns que ainda passam mal
eles melhorarão, essa é a promessa!

Prometemos uma festa linda,
prometemos um Brasil melhor!
agora que vocês acreditam em nós
também tentaremos acreditar.

Qualquer suspeita é preconceito
não queremos mais balas no peito
agora queremos medalhas... de ouro!
Sim, aquele ouro, que vocês roubaram da gente!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Confiança - coragem proveniente da convicção no próprio valor

Falta confiança do brasileiro no Brasil, falta confiança no próprio brasileiro. Talvez o maior problema dessa nação não seja a corrupção, nem a pobreza ou a violência, talvez seja a desconfiança cega que atormenta a todos em quase todos os momentos da vida. Desconfio de todo e qualquer político, dos meus vizinhos, de um maltrapilho vindo na mesma calçada e até de uma viatura policial enconstando ao meu lado. O olhar desconfiado, que discrimina e acusa (muitas vezes falsamente), cria no sujeito uma decepção e a perda da vontade de ser correto, de agir pelo certo. Quem já foi falsamente acusado de algo, por palavras ou olhares? por mais ridículo ou pequeno que seja o fato, temos ali um sentimento de grande revolta! Por outro lado, quando temos a confiança do outro, pai, irmão ou até mesmo da namorada, criamos um gosto por agir na "lei", respeitar as regras e sermos melhores para não perdermos aquela fonte de confiança. É só pensar no quanto faz bem a auto-confiança, acreditar em si mesmo talvez seja a essência do sucesso. Portanto, acreditem... Acreditem em si mesmos, acreditem nos outros e na capacidade de recuperação, na força da confiança poderemos ser melhores e melhorar os outros. Sem, é claro, cair nas trapaças dos falsos e dos levianos que abusam da confiança dos tolos e desavisados. É preciso estar sempre alerta, porém, sem se precipitar e cometer injustiças, é esta desconfiança cega e preconceituosa que deve morrer!

sábado, 13 de junho de 2009

Seres coletivos

É preciso reconhecer que, antes de sermos indivíduos isolados, somos um grupo (ou precisamos ser). É preciso enxergar esse grupo, ele vai além da nossa casa, da nossa família. O esplendor e a miséria da vida humana não são vivenciados por uns ou por outros, todos experimentam tal situações de maneira muito parecidas, apenas com cores e roupagens diferentes. A força que nos leva até o buraco do individualismo nos faz ignorar essa similitude. Quanto mais o ser humano se fizer valer por sua liberdade individual, mais a força proveniente da união perecerá. É exatamente isso que o sistema que nos comanda deseja: quanto mais as forças coletivas se desagregam, mais a chance de uma rebelião social se perde. Uma rebelião não no sentido de guerra que separa em dois ou mais lados, mas sim no caminho da coletividade. Desde que, há milhares de anos, os dois primeiros indivíduos da raça humana se encontraram – ambos sentindo o medo terrível da solidão – formou-se o primeiro grupo, o primeiro ser coletivo, aquele que se tornou mais forte e venceu o vazio da existência solitária. Nada mais é a depressão do que a cruel constatação de que a vida é muito dura para ser encarada só.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O preconceito no Brasil: racial ou social?

Existem aqueles que acreditam que no Brasil o preconceito não é racial (de cor), mas social (de classe). Este é mais um argumento em prol do mito da democracia racial, isto é, uma falácia. Na verdade, o preconceito social é algo inerente ao sistema, ou seja, está presente em todos os lugares onde impera a desigualdade social, independente de grupos étnico-raciais que a sociedade envolve ou do quão antagônica é essa desigualdade. A camada mais rica da sociedade, aquela que impõe os padrões de comportamento e detém o poder de consumo, tem sempre algo a contestar no modo de vida dos diferentes; sempre haverá preconceito contra o mais pobre e excluído, pois ele (o não-chique ou brega) não compartilha dos valores do rico (o belo e requintado) – a cultura considerada erudita e de bom gosto. O preconceito de classe, enfim, existe no Brasil, assim como existe em todos os países capitalistas.
A barreira social é extremamente forte enquanto forma de exclusão e segregação. Como se não bastasse, vem a barreira racial e se junta àquela formando uma forma dupla de preconceito, tornando-se cada vez mais bloqueadora para o sujeito. A ascensão social, considerada no Brasil sempre aberta a todos independente da cor, não deve assim ser vista, pois os homens e mulheres negras sempre tiveram uma barreira a mais contra a qual lutar. Quase todos os estereótipos criados no Brasil em relação aos pobres se confundem com as caricaturas dos negros brasileiros. Temos na literatura de Monteiro Lobato a “Tia Anastácia” como uma figura repleta de significados que ligam um tempo muito recente aos tempos da mucama, a escrava negra que se junta ao lar da família branca se tornando um exemplo de fidelidade e subserviência espontânea.
Em todo o período da escravidão a palavra “negro” foi sinônimo de “escravo”, ambas as condições jamais se desvinculavam – nem mesmo quando a negra ou o negro eram libertos. Hoje, num sistema onde supostamente vivemos uma democracia racial, vemos, muito constantemente, a palavra “negro” se confundir com a palavra “pobre”. Lembremos dos exemplos de negros que, em festas, são confundidos com seguranças e que, em portas de hotéis, são confundidos com manobristas – esta é a figura do negro subalterno, o negro estereotipado. Tais confusões são causadas pela mistura das imagens e suas representações. O negro rico geralmente é um transgressor de sua representação, surpreende a todos, pois vence barreiras historicamente impostas e que persistem até os dias atuais. Este transgressor, que invade os espaços segregados e costumeiramente reservados aos brancos, provavelmente continuará convivendo com uma ou outra manifestação racista. Portanto, mesmo estando bem colocado socialmente ele ainda será discriminado, se não pela sua condição social, o será pelo fato de ser negro.