quarta-feira, 2 de abril de 2014

Levante feminino

Todo o meu apoio às mulheres, moças e meninas que estão se levantando a cada dia contra o machismo da nossa sociedade. Como pai de uma garota de nove anos, não posso deixar de apoiar todo e qualquer movimento que vise o fim do patriarcado. Não é difícil perceber o machismo nosso de cada dia, enraizado no mundo cultural, político e do trabalho, assim como nas opiniões distraídas que vira e mexe temos o desprazer de ler ou ouvir. 
Acontece que o homem ainda não lida bem com o protagonismo feminino e às vezes se perde na tentativa de entendê-lo.
Ainda somos um bando de caras pretensiosos, chegando ao ponto de querer definir para a mulher o que é "ser mulher". Eu confesso ser um aprendiz, pois vejo ao meu lado mulheres firmes e decididas a construir suas próprias imagens de si mesmas e seus próprios valores. Também vejo homens assumindo o feminismo, pois entendem que uma mulher livre tem muito mais a oferecer do que uma mulher cativa. Assim como no racismo, a luta pertence a todxs sem exceções.
Acredito que o progresso humano se dá dessa forma: através da vontade de ser mais livre, de poder ser diferente, mas ainda assim ser igual em direitos e oportunidades.
Talvez essas lutas não sejam capazes de resolver a curto prazo tantos problemas que observamos ao redor (afinal, as desigualdades são muitas), porém, não podemos negar que ao menos as barreiras do pensamento estão sendo quebradas de forma corajosa. A liberdade é sempre uma conquista, parabéns a quem deseja e bota a cara pra bater!

terça-feira, 1 de abril de 2014

DITADURAS NÃO ACABAM ASSIM TÃO FACILMENTE

Admitir o golpe militar de 1964 não é um ato de esquerda. Ninguém precisa ter afinidade com Marx ou Che Guevara para perceber que houve um golpe sangrento no Brasil, precisa ter afinidade com a dignidade humana. Basta ouvir uma pessoa que já foi vítima de tortura ou que perdeu um ente querido nas mãos dos militares para perceber o peso real deste fato histórico.
Sem contar que no Brasil, além do peso dos 20 anos de ditadura civil-militar, ainda temos que carregar um fardo de 400 anos de escravidão.
Por isso, é fácil concluir: a democracia no Brasil ainda é um sonho, pois um capitalismo voraz continua impedindo o florescimento de algo parecido com a liberdade. Não nos enganemos, pois a regulação que estamos vendo hoje em dia nada tem a ver com a emancipação prometida com o “fim” da ditadura.
Continuamos vivendo sob um regime onde a violência estatal aparece para reprimir “insurgentes”. Nas favelas do Rio de Janeiro, tanques de guerra levam a “paz” para os pobres. Onde estamos? Com certeza não no lugar onde se espera estar, isto é, num lugar onde o papel do Estado fosse enfrentar os interesses econômicos de uma minoria sem fronteiras, que suga deliberadamente todas as riquezas do mundo para si, enquanto uma população imensa aguarda a sua vez.
Permanecemos sob um regime autoritário e perseguidor, que, de forma absurda, mantém políticas econômicas que promovem privilégios, em detrimento das súplicas dos esquecidos. Foi noticiado que a Nasa descobriu o óbvio: que esse sistema destruirá o planeta e a humanidade em pouco tempo. Como acreditar que a ditadura acabou, se não temos força para vencer esse modo de vida suicida?
Seguiremos lutando contra o golpe original que foi dado há muitos séculos antes de 1964. Um golpe que instituiu a competição como motor da história, ao invés de manter a cooperação e a solidariedade entre os seres humanos. Essa, entre tantas outras, é a ditadura da inércia humana, uma espécie de trem que vai nos levando para o abismo, enquanto, calados, contemplamos o caminho pela janela. A resistência nunca deixou de ser fundamental, é necessário identificar o inimigo, a ditadura não acabou!
(A foto que ilustra esta nota é a do marinheiro João Cândido, líder insurgente de uma das tantas ditaduras que o Brasil já viveu e ainda vive)