domingo, 13 de julho de 2014

LEGADO

A Copa acabou
A FIFA fez o seu show
Aqui no Brasil, a gente riu
Mas, de fato, nada conseguiu

Ficou o tal do legado
Uma sensação de estar engasgado
Não com aquela goleada
Mas com a democracia roubada

Quem se manifestou contrário
Foi tratado como adversário
A polícia sem censura
Fez voltar a ditadura

Diz que agora o mundo inteiro
Quer também ser brasileiro
É que o mundo ainda não sabe
Nem um terço da verdade

Pra fazer Copa do Mundo
O Brasil ficou imundo
Mostrou um péssimo hábito
E deixou pro povo o débito

Fica uma dura impressão
De que nem mesmo a eleição
Vai resolver esse legado
De país colonizado


quinta-feira, 10 de julho de 2014

7x1

Meus cumprimentos aos jovenzinhos brasileiros que, ainda no segundo ou terceiro gol da Alemanha, se desapegaram da televisão e foram chutar uma bola contra a parede. Mesmo que sozinhos, deram as costas a um "espetáculo" que não lhes pertence de fato e foram sentir a essência do esporte. 

A promessa que lhes foi feita, de ser campeão e provar um sentimento de gloria, se mostrou falsa. Talvez a primeira de muitas promessas falsas que a sociedade lhes fará suportar.

No entanto, enquanto esse moleque pegar a sua bola e fizer o seu próprio jogo, haverá uma saída. Transgredir essa dor que querem que ele sinta, mostrando que a vida não se encerra numa brincadeira competitiva e frustrante de adultos apaixonados.

Transgredindo ele irá perceber que toda dor, toda falsa promessa, todo desejo de se sentir mais feliz tem uma saída em forma de ação. Nem que essa ação seja chutar uma simples bola contra a parede e imaginar aquele gol pintado a giz.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Nagô, um ex-abandonado

Há dois meses tomei a decisão de adotar um cãozinho, um “vira-lata” que havia sido resgatado da rua por um casal de amigos. Ele foi encontrado ainda recém nascido junto aos seus irmãos e logo encaminhado a avaliações veterinárias. Com a ajuda da ONG Focinhos S.A., descobriram que ele estava com uma pata quebrada, provavelmente por motivo de atropelamento. Ainda com participação da “Focinhos”, foi encaminhado para cirurgia para recuperar seus movimentos, o que lhe rendeu um pino.

Foi depois deste processo que eu tive a ideia de adotá-lo, ainda sem saber muito bem dessas histórias, que me foram relatadas depois pelo casal de amigos Kaled e Natalia, os acolhedores daquela ninhada abandonada num terreno baldio.

Hoje o meu amigo Nagô tem 7 meses, corre pra cima e pra baixo e adora fazer buracos na terra. Nosso quintal é um paraíso pra ele, que prefere mil vezes ficar em casa a passear, fruto de traumas anteriores. Já eu, me sinto um aprendiz na tarefa de se relacionar com animais domésticos. Algo aparentemente simples, mas que requer muito cuidado.

Este texto e esta foto, na verdade, servem como agradecimento a “Focinhos” pelo serviço prestado e também ao casal que acolheu aquele que veio a se tornar um grande amigo meu.

Hoje, vou aprendendo a cuidar, e me conscientizando mais sobre o papel das pessoas que se dedicam a lidar com essas vidas abandonadas. Uma causa social importante, que não resolve tudo, mas que ajuda muito. A expressão do Nagô serve de atestado e não me deixa mentir.