quarta-feira, 12 de junho de 2013

"Não acredite em jovens"

O que a classe (da inteligência) média não enxerga é que a mídia manipula os fatos, enquanto nas ruas a polícia age com uma violência brutal a mando do governo. A mídia não quer esconder, ela quer distorcer para que a grande massa condene o direito à rua e aprove a ação policial. Esse procedimento é apenas mais um sintoma da opressão que se inicia na escola, isto é, a opressão intelectual que visa suprimir a capacidade de reflexão autônoma do sujeito. O Estado, por sua vez, solta os seus cães para dispersar o povo organizado em torno de seus objetivos mais do que legítimos. Opressão subjetiva e objetiva, vinda de todos os lados como bombas de gás lacrimogênio!

Mas qual é o recado que a inteligência média e conservadora não entende? Com certeza o recado subversivo dos manifestantes, pois o da polícia é muito mais compreensível. Mais do que isso, a repressão é desejada e apoiada abertamente. Enquanto os manifestantes promovem uma reflexão profunda através de um ato, convidando toda a população a repensar a própria sociedade, uma parte (manipulada) da população responde com desprezo e condenação.

Os fatos são pedagogicamente explicados pela grande mídia nos seguintes termos:

"Não acredite em jovens que vão às ruas, eles quebram a sua linda agência bancária; eles fazem você chegar mais tarde em casa e perder a novela; eles querem mudar o sistema, mas pra que se você adora as suas compras de supermercado?; eles são negativamente diferentes do seu filho, que só pode brincar no condomínio e fica doente quando anda na rua; eles são amigos de esquerdistas, gente que admira Che Guevara, aquele assassino cruel!"

E por aí vai, num tom cada vez mais cara de pau e determinado a nos convencer cegamente. Fazem isso para defender um sistema desigual, completamente dominado por interesses empresariais em nome do desenvolvimento da nação (uma outra mentira conveniente). Por isso, vamos ao "b a ba" da política das ruas: não acredite nos grandes canais de imprensa, eles são financiados por quem te explora; não confie na polícia, eles também são!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Utopia

Tem dias que o coração da gente se inquieta e resolve viajar no tempo. De repente ele vai pro futuro, nos enchendo de desejos. Faz a gente olhar pra frente, erguer a cabeça e caminhar. As utopias são viagens mais longas, de corações corajosos e inconformados com o presente. Acontece que tem dias que ele resolve viajar em outro sentido. Ele vai pro passado fazendo a gente sentir saudade. Feliz é quem tem um coração viajante. Gente que sabe olhar pra frente e pra trás com o coração. Gente que não nega seus próprios desejos, utopias e saudades.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

LEGALIZAR SIM, POR QUE NÃO?

É claro que a erva pode te prejudicar, ela é uma substância que causa efeitos colaterais e se utilizada em excesso pode sim gerar consequências negativas. No entanto, em tempos de alimentação transgênica, plastificada e agro-entoxicada, o que mais te assusta? 

Vejo nos supermercados a quantidade de drogas liberadas dentro de lindas embalagens, e não estou falando de bebidas, mas de uma série de produtos (inclusive infantis) comprovadamente nocivos à nossa saúde. Produtos vendidos em falsas propagandas dignas de um mundo patético de ilusões.

Não que por isso seja importante legalizar, mas está aqui a prova de que o Estado não criminaliza a maconha pelo risco do consumo. Sem falar nas políticas de combate às drogas, uma verdadeira tragédia do ponto de vista conceitual e dos direitos humanos. Só fazem lotar cadeias e assolar periferias. O tráfico é um produto deste nosso sistema que defende a desigualdade social, que por sua vez fertiliza o campo da criminalidade. É um ciclo vicioso, só não enxerga quem não quer. O viciado financia o crime? Mas quem ganha produzindo armas? E o que transforma um ser humano em dependente químico? O que o transforma consumidor compulsivo? Em viciado em fast food? Em psicopata? Em alienado?

Não vou me meter a explicar tudo isso, mas desconfio que muita coisa seria resolvida a partir de uma educação menos competitiva e mais libertária. A partir de uma reorganização dos valores humanos que tornasse a escolha num ato mais racional e menos imposto por publicidades ou padrões de comportamento.

A demonização da planta e, consequentemente, do usuário, é um ato profundamente hipócrita. Não vou nem entrar no mérito dos benefícios da cannabis, seria entediante...

domingo, 2 de junho de 2013

Não me calo

Contar histórias pra quem? Pra quê? Por que a gente abre a boca nesse mundo onde palavras e ideais são o tempo todo tão banalizados? A verdade é que cada um tem o seu motivo pra falar. A verdade é que o desejo de jogar pro mundo o que se sente às vezes é maior que o desejo de silêncio. A gente deixa de ser prudente e se mostra pro outro. Melhor seria estar calado? Apenas ver e ouvir? Mas não, ele quer falar, expressar, porque a coisa mexe e remexe no interior dele. Ele não se contenta em assistir, ele quer também dar o significado, entender, discutir e errar. Quem sabe possa até convencer alguém? Hein? Convencer e caminhar junto? Na pior das hipóteses pode ser chamado de idiota ou imbecil. E por que não correr esse risco? Ele só não vai poder ser chamado de omisso, pois ele tentou, saiu da inércia e cumpriu um papel mais digno do que aquele outro que se calou diante dos fatos. Daquele que aceitou em silêncio a opressão. Daquele que preferiu ser um indivíduo aparentemente honesto e pacato na sua opinião contida. Daquele outro ainda que fingiu ser surdo e mudo como desculpa. Eu não me calo!