quinta-feira, 29 de maio de 2014

Navegar o movimento

Não há sabedoria perene. Não há convicção que se sustente perante o tempo. Não há ideia fixa que desafie a eternidade. Não há, sequer, verdade. Somente existe o movimento, que com a precisão do tempo, dá e recolhe sem culpa e sem aviso. Esse movimento não sofre as nossas dores, nem festeja os nossos sorrisos, apenas permanece ativo, disponível para trazer e levar todo tipo de sentimento. Aprender suas rotas, saber navegá-lo, são lições imprescindíveis para encontrar, mesmo que momentaneamente, um bom lugar.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Seria eu mesma

Não sou mulher, mas poderia ser.
Se eu fosse uma, seria do jeito que quisesse.
Não admitiria um tal homem dizer a mim como deveria ser.
Não seria mulher como dizem as revistas de comportamento.
Muito menos seria como desenham os livros de biologia.
Seria eu mesma, não um modelo.
Seria talvez a invenção de uma nova mulher.
Uma por dia, talvez.
E no dia que quisesse, seria homem. 
Ficaria brincando assim, só pra te confundir.
Sem me importar com você me chamando de degenerada.
Então, a minha perversão se tornaria na minha emancipação.
Rompendo com essa sua cômoda compreensão.
A minha atitude não seria pontual com a sua expectativa.
Rompendo com essa sua autoridade ilegítima.
A minha beleza não seria aquela que seus olhos quisessem ver.
Eu iria abalar os seus padrões, iria te chocar.
Eu seria eu, independente da sua vontade.
E se, ainda assim, você quisesse ser superior a mim.
Eu diria que fosse, mas em seu próprio mundo, fora do meu.
Pois neste aqui reinaria a liberdade.
Onde eu seria mulher do meu próprio jeito.
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Texto escrito para exposição no 1° Encontro Feminista de Ribeirão Preto.