quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mandela

Um líder revolucionário nunca morre. Sua história e suas ideias sobrevivem na alma daqueles que sustentam o seu legado, às vezes involuntariamente em suas mini-lutas cotidianas contra o racismo e a opressão econômica. Em nenhum lugar do mundo a ofensa capitalista/racista é tão presente quanto na África, mas Mandela foi um líder diplomático. Não se vestiu em armas, não combateu de forma sangrenta.Assim como Gandhi, ele mostrou ao opressor o requinte de sua própria maldade. É como se num jogo de espelhos o vilão atirasse contra si mesmo, ferindo sua própria dignidade. A violência nesse caso passava a ferir o violento, ao passo que o líder estava lá sorrindo de forma humilde e paciente aguardando sua compreensão. Outros líderes, não menos contraditórios e igualmente geniais, resolveram enfrentar guerras reais. Não foi o caso do sul-africano, pois ele resolveu conciliar e propagar o sonho de um país possível nas circunstâncias em que se encontrava. Um país onde vivem brancos, herdeiros de sangrentos colonizadores, e negros, herdeiros de povos usurpados. Ele acreditou nessa paz, acreditou que a contradição poderia ceder lugar ao respeito e ao desenvolvimento mútuo. Algo semelhante podemos esperar no Brasil, onde não apenas sujeitos diferentes possam conviver com respeito, mas também onde culturas diferentes possam brindar umas às outras. Não é o que vemos/vivemos hoje, mas um sorriso à lá Mandela pode fazer acreditar...