quarta-feira, 22 de maio de 2013

A violência das ruas

Quando os olhares se voltam para as ruas a violência sempre aparece, ela está lá todos os dias. Existem milhares de pessoas virando a madrugada nas ruas diariamente, sem casa e família por diversos motivos. Muitas dessas pessoas recorrem ao crime e às drogas, gerando uma população perigosa. Quando rola a Virada Cultural isso aparece de uma forma mais evidente porque todo mundo vê com os próprios olhos e sente na pele. Aí sai todo mundo dizendo: "que horror essa Virada!" e não consegue entender que o sistema político/econômico é quem produz a violência diária das ruas.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

125 anos de abolição inacabada


A lição do 13 de maio de 1888 é: nunca acredite na liberdade enquanto um presente, a liberdade é sempre uma conquista. A história mostra que depois da abolição começou uma nova fase de opressão para o negro no Brasil, ela perdura até os dias de hoje. O racismo é o pilar principal da nossa desigualdade social. Se não fosse a força da cultura africana, se não fossem o desejo e a vontade de preservá-la, provavelmente o sonho da elite brasileira teria se consagrado. O sonho de um país exclusivamente branco foi defendido e propagado, incentivou o investimento na imigração européia e sérias tentativas de extermínio de sua contraposição. O dia 13 de maio serve para lembrarmos que por aqui houve a vergonha da escravidão, e não para simbolizar a liberdade. As permanências históricas dos 4 séculos de trabalho escravo são evidentes. Esse dia deve ser um marco contra a escravização diária imposta pelo capitalismo, contra a institucionalização da mentira e em favor da reparação de antigas e insistentes feridas. Se 20 anos de ditadura machucam, imaginem 400 anos de escravidão. O Brasil ainda não conheceu o significado de liberdade e democracia, cabe a nós.

Sobre o fim das escolas

O fluxo ordeiro é o alimento da paz policial, saia da ordem e alimentará o seu ódio! Por que o professor é agredido a cassetete? Por que ele deve ser agredido? Eu fui professor e observando assim me sinto agredido também. Não apenas por me sentir da mesma classe, mas por observar que o nosso sistema admite um fato desse tipo. Quando o estado volta a sua raiva aos educadores da sociedade, está na verdade os admitindo como seres supérfluos. Não deveria ser uma calamidade pública? Talvez sim, mas o sistema viciou e fatos desse tipo já não tem a capacidade de indignar. São fatos que, junto a tantos outros, formam um esquema banal, repetitivo e facilmente remediável. O cassetete é um remédio, uma pílula de ordem a força. Seja um cidadão de bem tomando essa porrada! Temos alguma chance de atingir uma cultura de paz agredindo o professor nas classes e nas ruas? Sinceramente, clamo a todos os professores: acabem com as escolas! Que instituição é essa que estamos defendendo, se não uma anacrônica ferramenta de formatar seres humanos? Se as pessoas tem uma noção de liberdade hoje é porque elas tem as ruas, os fluxos e as culturas! Professores, não temos razões suficientes para continuar movendo esse sistema educacional falido. Clamo também aos alunos: acabem com as escolas! Tenho certeza que antes que não haja mais nenhum muro ou grade de escola em pé, já teremos a resposta para essa transformação. Temos os meios. Uma nova sociedade só será possível a partir de uma nova educação, que nada tenha a ver com a atual. Enquanto isso não ocorre, a violência segue nas ruas e dentro das escolas. Quem vai nos proteger, inclusive da polícia? Quem vai atender as principais demandas dos professores? É chegado o momento de pensar e agir por uma solução de baixo pra cima. Ela virá dos professores organizados e de toda a sociedade, e sem dúvidas será mais digna do que qualquer reivindicação ao governo.

PM de SP reprime professores na Av. Paulista (10/05/13)

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Desamor

Olha pra frente, e tira o olho de mim, sua ridícula!

Depois de ouvir tal frase em tom grave de ofensa e um tanto de ódio, só pensava em nunca mais vê-lo. Dispensou-o em casa e saiu às pressas com o som do carro no talo. Dirigia para casa em alta velocidade. Na mente injúrias e uma mancha que tomava conta de suas memórias. Parada no semáforo ainda teve que ouvir um caminhoneiro a chamar de gostosa. Dedo do 
meio! Saiu acelerando, pisou realmente fundo. Tão fundo, mas tão fundo que não garantiu a curva. Antes do estrondo, abriu os olhos.

Quando olhou para o lado, percebeu que ele também despertava. Seus olhos, ainda inchados, davam uma leve impressão de raiva contida, com certeza pela briga da noite anterior. Ela não queria se deixar levar pelo pesadelo, mas sabia que devia ser prudente. Tomou coragem e disse:

Hoje você vai embora de ônibus!