quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma possibilidade a mais

Muito se fala em igualdade entre os homens e mulheres, igualdade de direitos, de possibilidades, igualdade de deveres, de comprometimento. Realmente, a busca da igualdade é o mais importante desafio em que a humanidade está inserida, e o mais difícil. No entanto, ela não exclui a diferença, pois o seu contrário é a desigualdade. Esta ocorre quando homens e mulheres passam a ser hierarquizados e classificados, não de acordo com méritos ou aptidões, mas sim de acordo com privilégios ou benefícios, é uma questão de poder e segregação baseada numa suposta superioridade. Já entre iguais a diferença é o sustento da capacidade de suportar. É preciso enxergar no outro um contraponto, uma possibilidade a mais. Não basta sermos iguais, necessitamos também da diferença. Sem ela nos transformaríamos em autômatos, seres padronizados sem possibilidades de trocas e aprendizados. As nossas diferenças não podem ser subestimadas, elas são aquilo que nos enriquece mutuamente e nos faz sentir indivíduos dentro dessa imensa coletividade.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Drogados de poder

Quando falamos sobre drogas, geralmente o que nos vem à cabeça são tipos estereotipados como maconheiros lesados, ou quem sabe aqueles alucinados com o nariz branco, ou até mesmo fritos mordendo garrafas plásticas com os olhos esbugalhados ao som do trance. Nossa visão sobre o tema parece reduzir-se a situações onde o “drogado” é sempre alguém que consumiu alguma substância para atingir este estado anormal da consciência e de prazer momentâneo. O que poucas vezes percebemos é que não são apenas essas tais substâncias psicoativas ou alucinógenas que tem o poder de gerar níveis de prazer e alegria artificiais e, principalmente, viciantes. Observando a forma como políticos e jogadores de futebol se portam diante de situações de adrenalina, podemos perceber o quanto o poder – no sentido de autoridade, influência, soberania – é capaz de transformar as pessoas.

Observe bem um jogador após marcar um gol diante de um estádio lotado e de dezenas de câmeras, observe como esta injeção de alegria o transforma no ato da comemoração. Até mesmo para quem joga futebol de quarta na quadra do bairro sabe o quanto é saborosa aquela dose de endorfina no sangue, imagine um jogador celebridade, ídolo de milhões. Talvez seja por isso que muitos jogadores entrem em depressão profunda ao aposentarem-se, ou também porque em alguns casos substituem esse antigo poder por drogas químicas. A ausência daquela sensação de poder e influência sobre as pessoas através do esporte e do desempenho do próprio corpo pode causar séria abstinência.

Algo parecido podemos perceber na conduta de políticos, principalmente quando o entusiasmo do discurso se faz presente. São senhores e senhoras suando em bicas, com os olhos esbugalhados, gesticulando acrobaticamente na sede de encontrar as palavras certas em seus arcabouços retóricos. É comum, em todas as esferas de poder, vermos senhores sedentos se agarrarem aos seus tronos com a mesma força que um viciado em crack segura seu cachimbo. É comum vermos atos de desespero público por conta da corrida ao posto desejado, leia-se a corrida presidencial e a forma com que seus postulantes se postam diante de debates e discursos. O poder político talvez seja a droga mais fortemente desejada e, por isso, a mais segregada de todas.

Essa é a droga do poder, seja político, acadêmico, artístico ou na comum versão celebridade do esporte, o que querem é sempre estarem diante de platéias e aplausos, cumprimentos e aprovações. Ser um poderoso, eis a busca de qualquer drogado. Atingir níveis sobre humanos de prazer e plenitude, quase nada os diferencia. Qual seria então a diferença de drogados e poderosos? Tentem responder, mas tenham cuidado, o poder seduz... e vicia!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sea ahora

La vida es la única oportunidad que tenemos para hacer algo a la humanidad. Algo que quede y sea un beneficio para las personas que, después de tú, vivirán. Porque la muerte es el final de la consciencia, la muerte es el regreso a la totalidad de la naturaleza. Sea ahora mismo alguien productivo, no dejes para después porque el después no existe.

Sensacionalismo nosso de cada dia


A grande mídia tem uma capacidade ímpar de criar emoções e tensões mais do que desnecessárias na população. Em nossa experiência recente temos alguns casos e acontecimentos transformados em verdadeiras epopéias midiáticas. Adolescentes parricidas, casais que lançam criancinhas, jogadores que estripam prostitutas... O que estes casos tem em comum? Por que chamam tanta atenção?

Algo se pode tirar de acontecimentos como estes: somos uma sociedade doente. A prova é que além de estarmos sujeitos a presenciarmos novos crimes como estes, é que também temos um curioso interesse em acompanhá-los. A realidade, bem mais do que a ficção do cinema, tem um sabor especial. Saber que não estamos julgando um personagem de novela, e sim um cidadão de carne e osso como nós, nos faz mais vivos, mais plenos. Há no sensacionalismo a realização do cultural desejo de vingança, desejo este que advém do nosso ressentimento, de nossas angústias enquanto seres ditos civilizados. Além disso, é que como um povo cristão, temos a necessidade de nos vingar de nós mesmos, afinal, somos o próprio pecado.

O sensacionalismo, dessa forma, pretende e consegue criar perfeitos bodes expiatórios para que possamos descontar toda essa nossa carga de maus sentimentos. Por estes reais personagens, incansavelmente expostos pela grande mídia, temos uma visão privilegiada do que somos capazes enquanto seres humanos. Talvez daí nasçam o nosso espírito vingativo e essa nossa curiosidade mórbida por fatos tão repugnantes quanto pouco importantes.