segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Revelações de um mestre

E então o mestre perguntou ao seu discípulo:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
O sujeito, que exausto já mantinha sua cabeça entre as pernas, assim permaneceu e igualmente questionou:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
Fez-se o silêncio. Os olhos intactos daquele ancião miravam os sinais que brotavam na fisionomia de seu aprendiz. Sua calma existia e se manifestava em seu respirar. Foi quando o jovem ergueu bruscamente a cabeça e repetiu em voz furiosa:
- Tu preferes ser governado, ou governar?
A respiração do mestre mantinha-se equilibrada. Seu olhar mantinha-se intacto. Porém, sua boca ameaçava revelar os pensamentos que naquele velho mestre existia. Atônito, seu jovem discípulo observava a iminência de conhecer a grande revelação. Foi então que, numa voz pura e tranquila, soou:
- Sua covardia ainda é maior que o seu desejo de liberdade. Você não governa sequer seu próprio corpo e tenta de mil maneiras acreditar que és livre. Tu és um fraco que ainda permanecerá ausente. Vítima? Esta é tua postura! Pensas que ninguém sofre e teme como tu, acreditas que deve cuidar do pouco que tem por fidelidade a alguém. A utopia chora por ti, covarde!
O rosto daquele jovem se retorcia perante o soar daquelas palavras que, por mais óbvias e que fossem, lhe causavam uma profunda dor.
Chorou.