Admitir o golpe militar de 1964 não é um ato de esquerda. Ninguém precisa ter afinidade com Marx ou Che Guevara para perceber que houve um golpe sangrento no Brasil, precisa ter afinidade com a dignidade humana. Basta ouvir uma pessoa que já foi vítima de tortura ou que perdeu um ente querido nas mãos dos militares para perceber o peso real deste fato histórico.
Sem contar que no Brasil, além do peso dos 20 anos de ditadura civil-militar, ainda temos que carregar um fardo de 400 anos de escravidão.
Por isso, é fácil concluir: a democracia no Brasil ainda é um sonho, pois um capitalismo voraz continua impedindo o florescimento de algo parecido com a liberdade. Não nos enganemos, pois a regulação que estamos vendo hoje em dia nada tem a ver com a emancipação prometida com o “fim” da ditadura.

Permanecemos sob um regime autoritário e perseguidor, que, de forma absurda, mantém políticas econômicas que promovem privilégios, em detrimento das súplicas dos esquecidos. Foi noticiado que a Nasa descobriu o óbvio: que esse sistema destruirá o planeta e a humanidade em pouco tempo. Como acreditar que a ditadura acabou, se não temos força para vencer esse modo de vida suicida?
Seguiremos lutando contra o golpe original que foi dado há muitos séculos antes de 1964. Um golpe que instituiu a competição como motor da história, ao invés de manter a cooperação e a solidariedade entre os seres humanos. Essa, entre tantas outras, é a ditadura da inércia humana, uma espécie de trem que vai nos levando para o abismo, enquanto, calados, contemplamos o caminho pela janela. A resistência nunca deixou de ser fundamental, é necessário identificar o inimigo, a ditadura não acabou!
(A foto que ilustra esta nota é a do marinheiro João Cândido, líder insurgente de uma das tantas ditaduras que o Brasil já viveu e ainda vive)
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