domingo, 5 de junho de 2011

Aquilo que me falta

Eu sou aquilo que me falta, eu sou aquilo que não tenho. E minha vida assim se faz, incompleta e carente, digna de uma verdadeira imperfeição. Sou cobrado por aquilo que me falta, esperam de mim aquilo que não tenho. E minha sina assim se faz, sofrido por querer ser quem nunca serei, infeliz por buscar o que jamais terei. Meu desejo era estar satisfeito comigo mesmo, e que estivessem satisfeitos comigo como sou. Meu desejo era ter aquilo que tanto quero e, assim, ser o que tanto querem de mim. Mas não posso ser aquilo que espero ou que esperam, não posso ser, se não, aquilo que sou. Eu sou aquilo que me falta, eu sou aquilo que não tenho.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi, olha a poesia do Drummond de que falei, a qual seu texto me remeteu. É bem famosa, vc deve conhecer (td bem que é o Drummond, que eu adoro, mas esse seu texto é belíssimo...Como disse da primeira vez, gostei muito...) Esse tema da falta que nos habita me atrai muito, tanto que sou da psicanálise lacaniana...heheh...onde tudo gira em torno da noção de um sujeito faltoso/desejante, ou seja, de um sujeito que quer tapar seu buraco com as mais variadas coisas e discursos, mas que ao mesmo tempo objeta, resiste a tudo isso, pois é aquilo que lhe falta-a-ser.

AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Anônimo disse...

Aquilo que te falta ressalta o que se tem, tornando - te único e especial.
Tammy