sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Oração poluída


Bom dia, poluído dia!

E suas nuvens marrons carregadas de espirros,

e suas doces queimadas de açúcares e bagaços,

e suas duras camas de papelões e trapos,

e suas motorizadas fumaças de pressas alheias!


Boa tarde, poluída tarde!

E suas notas ensebadas que correm pelas mãos,

e seus panfletos transeuntes que dobram as esquinas,

e seus chicletes elásticos que beijam os pneus,

e seus grossos cuspes que umidificam os ares!


Boa noite, poluída noite!

E seus cartazes colados que vendem alegrias caras,

e suas latas amassadas de desesperanças,

e suas cinzas aspiradas habitante dos corpos,

e seus amores de látex que engravidam os asfaltos!


Amém!

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