sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pensando a arte

A arte precisa ser autônoma, precisa renovar-se sempre a partir da cultura em que está inserida. O problema do mercado influenciar a produção da arte é que ocorre uma padronização muito grande, um movimento que não respeita especificidades e diversidades culturais. Um autor chamado Canclini diz que "A internacionalização do mercado artístico está cada vez mais associada à transnacionalização e concentração geral do capital". A essa subordinação da arte pelo capital se soma a cultura nacional de que "o importado é melhor" fazendo com que mídia e academia optem por reproduzir no Brasil modelos externos. É o velho complexo de inferioridade latino-americano. No entanto, eu acredito que hoje estamos valorizando mais a arte nacional, principalmente as tradicionais do povo. É claro que nos museus de arte contemporânea e arte "culta", a arte popular não entra, por isso são lugares cada vez menos atrativos ao contrário das próprias periferias. Eu acredito que a verdadeira arte hoje seja aquela produzida nas zonas marginais, precisamos reconhecer isso, pois a arte, como dito, deve ter autonomia criativa e não ser cópia do importado. Somos brasileiros ou ainda somos colonizados? Precisamos de uma arte com identidade, chega de engolir enlatados! Que eu não seja interpretado como defensor do nacionalismo, este não é o caminho. Defendo a possibilidade de que grupos sociais tenham possibilidades materiais e espirituais de potencializar suas tradições. Sem ser tradicionalista também, mas que a partir dessas culturas se criem respostas ao modelo egoísta-capitalista. O Brasil é uma imensa colcha de retalhos, mas a mídia quer que sejamos uma única palavra. Olhemos para a periferia, ali estão as novas possibilidades. Ali se encontra uma beleza diferente daquela que está nas capas de revista, precisamos recusar o pronto, o óbvio. Pensar a arte para além do consumo. Pensar a arte como um direito inalienável. Mais do que isso, pensá-la como um dever: é dever de todo cidadão ser artista!

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